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terça-feira, 26 de julho de 2011

Adolescentes e Pais... Juntos ou não?

Para pais e filhos (reflexões)

Geralmente se ouve que a fase da adolescência é invariavelmente incontrolável, aborrecida e cheia de guerras. Aparentemente é uma relação só de atritos e sem saídas. A tônica dessa fase é sem dúvida a da rebeldia, da contestação. Mas a partir do momento que entendemos cada faceta dessa contestação, encontramos também uma saída. A contestação muitas vezes está embutida numa rebeldia e precisamos entender bem do que isso se trata.


Há duas espécies de rebeldia:

A normal que leva à maturidade, sendo construtiva, que ajuda o adolescente a sair “da casca do ovo” e a começar a usar suas próprias asas. Ela força a abertura de comunicação entre pais e filhos, dando-lhes a oportunidade de explorar problemas, entender sentimentos e crescer juntos.

A anormal, geralmente, resulta em desordem e destruição. Fecha as vias de comunicação e em vez de um comportamento ocasional, torna-se estabelecido e específico. É sempre a respeito do carro, namoro, dinheiro, amigos, fé, sexo, música, dança, etc… Uma guerra fria se estabelece na família e os pais não têm coragem de mencionar essas áreas de conflito. Ela, na verdade, desvia o adolescente da vida, levando-o a algum atalho estreito.

Há várias atitudes que os pais podem ter, frente à uma rebeldia normal:


1.Ajudá-lo no amadurecimento, enquanto ele passa pela crise, e não retirá-lo da crise para poupá-lo. A maioria dos adolescentes não cria problemas de família; revela-os.

2.Uma atitude que proporcione aos filhos segurança com seus pais. O adolescente pode rebelar-se contra as opiniões dos pais, mas nunca deve rebelar-se contra suas atitudes. Como falou um adolescente: “Eu discordo muito dos meus pais, mas gosto da maneira como eles abordam nossas discordâncias. Eles discordam, mas são coerentes“.

Já é meio caminho andado, concordam?
Uma raiz comum de contestação é o medo.
Um psiquiatra disse uma vez: “Violência é temor exteriorizado. O jovem usa a rebeldia para encobrir seus verdadeiros sentimentos”. Esse medo pode vir de diferentes situações. Uma delas é a pressão de grupos. Muitas vezes o adolescente começa a trazer idéias novas e revolucionárias, não compatíveis com aquela que foi ensinada pelos pais, e eles se perguntam: “Onde erramos? Por que, depois de tanto ensinamento, essas idéias opostas começam a aparecer? Isso faz sentido?”.

Devemos lembrar que uma das características da adolescência é a formação de identidade e é necessário que eles busquem alguém ou um grupo para poderem se identificar, construindo essa identidade que vai se formando e se compondo aos poucos. No entanto, neste processo, aparecem elementos diversos e estranhos àqueles que sempre foram ensinados dentro da família e incorporados como verdades absolutas.

O grupo passa a estabelecer determinados padrões que devem ser seguidos e o adolescente, levado pelo que está “na onda”, acaba aceitando normas e absolutos que às vezes nem ele mesmo está tão de acordo assim.
Por não querer “ficar de fora”, e principalmente por não querer parecer diferente, muitos são forçados a apresentar comportamentos específicos, sendo envolvidos gradativamente, mas de modo profundo.

Em termos de grupo, será que seu filho pensa e age como os outros do grupo?

Ele é assim mesmo ou tem medo de ser rejeitado?

Numa pesquisa entre adolescentes sobre bebida, um deles comentou: “O grupo todo bebe e a gente não vai ficar de fora…”

Se eventualmente ele tem a coragem de se expressar, com certeza vai encontrar alguém dentro do próprio grupo que também pense igual. Muitos pais querem que eles contestem o grupo dizendo: “Eu não bebo e pronto!” Isso é uma atitude que nós não podemos exigir ainda. Muitos têm uma personalidade forte e enfrentam o grupo, mas isso não é comum.

Por que isso? Porque essa é uma outra característica da adolescência: é um tempo de formação de identidade. Até mesmo o adulto sofre pressão daquilo que a T.V. impõe, do que a moda impõe, etc…

Nessa fase, podemos mostrar que ser sincero é uma grande saída e dar o máximo de apoio nesse sentido.

É muito provável que ele encontre uma pessoa como ele, mas que talvez tenha dificuldade de mostrar sua diferença.

O sentimento dos pais é de pânico e ansiedade. A tendência é “cortar” o envolvimento com o grupo, querendo preservar assim o contato de tantas influências nocivas. Não podemos obrigá-los a isso, mas podemos questioná-los:

•“Será que esse grupo serve para você?”

•“Um grupo que o obriga a fingir um comportamento, onde você tem medo de ser você mesmo e dizer o que pensa? Onde está a liberdade que vocês tanto falam?”

Sobre a autora desses artigos… Marilena é psicoterapeuta há mais de 30 anos, com especialização em Psicoterapia Breve, linha Psicanalítica. Rio de Janeiro – RJ. ( CRP-RJ : 8067)





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